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A MAIOR DE TODAS AS RÃS
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A MAIOR DE TODAS AS RÃS
Dizia-se a maior rã de todas as rãs que havia no
mundo. Realmente, era grande. Grande e luzidia, no
charco onde habitava, mais nenhuma bicheza se lhe
comparava em tamanho. Também, para além da rãs, só
havia mosquitos.
– Sou o maior bicho do reino animal – dizia a rã gorda,
que nunca tinha saltado para fora daquele charquinho de
nada, nem uma única vez.
As outras rãs não quiseram contrariá-la. Também eram
pouco viajadas.
– Além de ser o maior bicho do reino animal, sou o mais
forte, o mais corajoso, o mais bonito, o mais inteligente, o
mais…
Quando ela se punha com esta discursata, adeus. As
outras rãs mergulhavam, para não terem de ouvi-la.
Até que, um dia, foi beber ao charco um boi. A sombra
dele toldou o Sol.
– Venha ver, colega, um bicho tamanhão, mil vezes
maior do que a sua gabarolice – disseram à rã matulona as
colegas rãzinhas, a estremecerem de riso.
Ela já o tinha visto, mas fez de conta que não ligava.
– Se eu quiser, fico do tamanho dele ou até maior – disse.
– O meu volume está muito concentrado, querem ver?
As outras queriam. Puseram-se à roda dela, a gritarem:
– Cresça e apareça. Cresça e apareça.
A rã gorda fez-lhes a vontade. Engoliu ar e a pele do
ventre distendeu-se.
– Mais, mais – gritaram as outras rãs, como se
estivessem num circo.
Ela inspirou mais e mais, que até parecia uma câmara de
ar ou um colchão de praia.
– Ainda mais – incitavam-na as colegas.
A rã já tinha a forma de um balão. Nada que se parecesse
com um boi, mas nunca se vira rã tão batoque como ela.
Tinha a pele de tal forma esticada que se lhe via tudo por
dentro.
– Mais, mais – gritavam as outras.
E ela, naquela vontade de ser maior do que um boi,
engoliu mais ar, tanto, tanto que rebentou. Pum!
O boi assustou-se e fugiu. As rãs enfiaram-se para
dentro de água, nem que tivesse acabado o mundo.
Quando a calma regressou ao charco, voltaram à
superfície, numa grande excitação. Não falavam de outra
coisa senão daquela rã presumida que quisera igualar-se a
um boi.
Ainda hoje é a conversa preferida das rãs, quando
coaxam umas com as outras, em noites de Lua Cheia.
FIM
mundo. Realmente, era grande. Grande e luzidia, no
charco onde habitava, mais nenhuma bicheza se lhe
comparava em tamanho. Também, para além da rãs, só
havia mosquitos.
– Sou o maior bicho do reino animal – dizia a rã gorda,
que nunca tinha saltado para fora daquele charquinho de
nada, nem uma única vez.
As outras rãs não quiseram contrariá-la. Também eram
pouco viajadas.
– Além de ser o maior bicho do reino animal, sou o mais
forte, o mais corajoso, o mais bonito, o mais inteligente, o
mais…
Quando ela se punha com esta discursata, adeus. As
outras rãs mergulhavam, para não terem de ouvi-la.
Até que, um dia, foi beber ao charco um boi. A sombra
dele toldou o Sol.
– Venha ver, colega, um bicho tamanhão, mil vezes
maior do que a sua gabarolice – disseram à rã matulona as
colegas rãzinhas, a estremecerem de riso.
Ela já o tinha visto, mas fez de conta que não ligava.
– Se eu quiser, fico do tamanho dele ou até maior – disse.
– O meu volume está muito concentrado, querem ver?
As outras queriam. Puseram-se à roda dela, a gritarem:
– Cresça e apareça. Cresça e apareça.
A rã gorda fez-lhes a vontade. Engoliu ar e a pele do
ventre distendeu-se.
– Mais, mais – gritaram as outras rãs, como se
estivessem num circo.
Ela inspirou mais e mais, que até parecia uma câmara de
ar ou um colchão de praia.
– Ainda mais – incitavam-na as colegas.
A rã já tinha a forma de um balão. Nada que se parecesse
com um boi, mas nunca se vira rã tão batoque como ela.
Tinha a pele de tal forma esticada que se lhe via tudo por
dentro.
– Mais, mais – gritavam as outras.
E ela, naquela vontade de ser maior do que um boi,
engoliu mais ar, tanto, tanto que rebentou. Pum!
O boi assustou-se e fugiu. As rãs enfiaram-se para
dentro de água, nem que tivesse acabado o mundo.
Quando a calma regressou ao charco, voltaram à
superfície, numa grande excitação. Não falavam de outra
coisa senão daquela rã presumida que quisera igualar-se a
um boi.
Ainda hoje é a conversa preferida das rãs, quando
coaxam umas com as outras, em noites de Lua Cheia.
FIM
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