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LANÇAS E ENXADAS
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LANÇAS E ENXADAS
Uma lenda conta que havia, dantes, dois povos
vizinhos e inimigos. Uns eram romanos, outros, sabinos.
Por tudo e por nada levantavam os estandartes da guerra.
Por tudo e por nada desbaratavam-se uns aos outros.
Nos dois territórios próximos, o número de órfãos e de
viuvas aumentava, assustadoramente. Não havia família
que não estivesse de luto.
Nesse tempo, os guerreiros iam de peito feito para as
batalhas. Não usavam capacetes nem couraças. A única
protecção de que se serviam era um escudo redondo, como
uma casca de tartaruga.
Com o escudo preso a um dos braços defendiam-se.
Com a lança brandida pelo outro braço atacavam. As lutas
corpo a corpo eram terríveis. Ou morrer ou matar.
As mulheres de um e do outro campo andavam
aterrorizadas.
– Quando terminar esta mortandade só estaremos nós,
vestidas de negro, umas diante das outras, a chorar os
nossos maridos – dizia uma delas, de nome Hersélia. – Os
nossos filhos não chegarão a conhecer os pais e não sobrará
nenhum homem que lhes ensine as astúcias da caça, os
gestos da sementeira, as regras do cultivo, o gosto do
trabalho. Vamos recuar ao tempo em que estava tudo por
aprender, os campos por lavrar, os animais por sujeitar.
Vamos ser muito infelizes.
Isto dizia Hersélia. As outras mulheres, sabinas ou
romanas, concordavam. Elas juntavam-se à beira rio, cada
qual na sua margem, para trocarem queixumes.
– Se lhes disséssemos para pararem a guerra? – lembrou
uma delas, romana ou sabina, não interessa.
– Estão tão loucos que a nossa voz não consegue romper
o delírio deles. Não ouvem senão o entrechocar das armas
e os gritos da cólera e do ódio – disse outra mulher, talvez
sabina, talvez romana.
Então Hersélia lançou para o meio da assembleia de
mulheres esta proposta:
– Se não queremos perder os nossos filhos e maridos,
temos de nos armar com toda a nossa coragem. Cobertas
com os nossos mantos de luto, de cabelos caídos e com
nossos filhos pequenos pela mão, corramos para o campo
de batalha. Atiremos os nossos corpos indefesos para o
centro da luta e, com uma única voz, gritemos, imploremos
aos combatentes que larguem as armas.
Assim fizeram. Um enxame de mulheres de negro, com
crianças ao colo, lançou-se entre os contendores. Eram
sabinas. Eram romanas. Eram mulheres desesperadas.
– Parai, parai de lutar – gritavam.
Gritavam e choravam e suplicavam. Eram muitas.
Caíram os braços que seguravam as lanças. Resvalavam
dos braços os escudos. Os maridos procuraram as
mulheres. Os pais, os filhos.
Ainda se levantou uma voz de rudeza, a protestar contra
aquela intromissão, tão fora dos hábitos da guerra:
– Não queremos mulheres aqui. Os combates têm de
continuar.
Ninguém ligou. A tal voz agreste também não insistiu.
E fez-se a paz.
Conta-se que os escudos redondos dos antigos
guerreiros, de feitio de conchas, passaram, depois, a servir
de berços para as crianças que nasceram, depois de a
guerra ter terminado.
Com os paus das lanças fizeram cabos de enxadas.
FIM
vizinhos e inimigos. Uns eram romanos, outros, sabinos.
Por tudo e por nada levantavam os estandartes da guerra.
Por tudo e por nada desbaratavam-se uns aos outros.
Nos dois territórios próximos, o número de órfãos e de
viuvas aumentava, assustadoramente. Não havia família
que não estivesse de luto.
Nesse tempo, os guerreiros iam de peito feito para as
batalhas. Não usavam capacetes nem couraças. A única
protecção de que se serviam era um escudo redondo, como
uma casca de tartaruga.
Com o escudo preso a um dos braços defendiam-se.
Com a lança brandida pelo outro braço atacavam. As lutas
corpo a corpo eram terríveis. Ou morrer ou matar.
As mulheres de um e do outro campo andavam
aterrorizadas.
– Quando terminar esta mortandade só estaremos nós,
vestidas de negro, umas diante das outras, a chorar os
nossos maridos – dizia uma delas, de nome Hersélia. – Os
nossos filhos não chegarão a conhecer os pais e não sobrará
nenhum homem que lhes ensine as astúcias da caça, os
gestos da sementeira, as regras do cultivo, o gosto do
trabalho. Vamos recuar ao tempo em que estava tudo por
aprender, os campos por lavrar, os animais por sujeitar.
Vamos ser muito infelizes.
Isto dizia Hersélia. As outras mulheres, sabinas ou
romanas, concordavam. Elas juntavam-se à beira rio, cada
qual na sua margem, para trocarem queixumes.
– Se lhes disséssemos para pararem a guerra? – lembrou
uma delas, romana ou sabina, não interessa.
– Estão tão loucos que a nossa voz não consegue romper
o delírio deles. Não ouvem senão o entrechocar das armas
e os gritos da cólera e do ódio – disse outra mulher, talvez
sabina, talvez romana.
Então Hersélia lançou para o meio da assembleia de
mulheres esta proposta:
– Se não queremos perder os nossos filhos e maridos,
temos de nos armar com toda a nossa coragem. Cobertas
com os nossos mantos de luto, de cabelos caídos e com
nossos filhos pequenos pela mão, corramos para o campo
de batalha. Atiremos os nossos corpos indefesos para o
centro da luta e, com uma única voz, gritemos, imploremos
aos combatentes que larguem as armas.
Assim fizeram. Um enxame de mulheres de negro, com
crianças ao colo, lançou-se entre os contendores. Eram
sabinas. Eram romanas. Eram mulheres desesperadas.
– Parai, parai de lutar – gritavam.
Gritavam e choravam e suplicavam. Eram muitas.
Caíram os braços que seguravam as lanças. Resvalavam
dos braços os escudos. Os maridos procuraram as
mulheres. Os pais, os filhos.
Ainda se levantou uma voz de rudeza, a protestar contra
aquela intromissão, tão fora dos hábitos da guerra:
– Não queremos mulheres aqui. Os combates têm de
continuar.
Ninguém ligou. A tal voz agreste também não insistiu.
E fez-se a paz.
Conta-se que os escudos redondos dos antigos
guerreiros, de feitio de conchas, passaram, depois, a servir
de berços para as crianças que nasceram, depois de a
guerra ter terminado.
Com os paus das lanças fizeram cabos de enxadas.
FIM
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