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OS COELHINHOS APRENDEM
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OS COELHINHOS APRENDEM
Era uma vez uma coelha que tinha muitos filhos.
Como boa mãe, passava o dia a recomendar-lhes o que era
melhor para a vida deles: as ervas que deviam comer, as
ervas que deviam rejeitar, as horas a que podiam sair, as
horas em que não podiam nem espreitar...
– E, antes de mais – dizia ela -, muita atenção ao
calendário de abertura da caça...
– Mas como é que nós sabemos, se não lemos jornais? –
perguntou um dos coelhinhos.
– Assim que ouvirem tiros, nem que sejam longe, e cães
a ladrar, corram logo a abrigar-se – avisou a mãe.
Um dia, um dos mais novos, chegou à toca, muito
assustado.
– Ouvi tiros, mãe. Esconda-me.
A coelha tranquilizou-o:
-Eu também ouvi, mas não são tiros de chumbo. São
foguetes de cana. Há festa na aldeia. Não ouves a música
da banda? Para que te servem as orelhas? Enquanto eles
andam entretidos, podemos nós sossegar.
Dias depois, estava a família toda no pasto e uma
melodia fininha e maliciosa veio pelo ar, como serpente
que dança... Os coelhos pequenos, que nunca tal tinham
ouvido, olharam para a mãe, interrogativos.
– É melhor irmos andando para casa – disse ela. – E tão
cedo não voltamos a pôr o nariz de fora.
O coelhinho de há pouco estranhou:
– Mas ó mãe, uma música tão doce não será festa,
também?
– Qual festa, qual carapuça. Despacha-te. É o Pedro
Ovelheiro, que toca flauta, e anda por aí a semear desgraça.
Arma por tudo o que é sítio armadilhas, que fazem miséria.
Até me arrepio toda.
Tempos depois, o coelhinho veio outra vez ter com a
mãe, muito aflito.
– Vi homens com espingardas. Devem ser caçadores.
– Também eu vi – disse a mãe. – Com estes podes estar
descansado. São guardas florestais e andam a levantar as
armadilhas que o Pedro armou, porque estão proibidas pela
lei da caça. Já podemos descansar. Mas, mesmo assim,
todo o cuidado é pouco.
Está visto que é muito arriscada a vida do mato. O que
um coelho tem de aprender, para não ser chumbado!
FIM
Como boa mãe, passava o dia a recomendar-lhes o que era
melhor para a vida deles: as ervas que deviam comer, as
ervas que deviam rejeitar, as horas a que podiam sair, as
horas em que não podiam nem espreitar...
– E, antes de mais – dizia ela -, muita atenção ao
calendário de abertura da caça...
– Mas como é que nós sabemos, se não lemos jornais? –
perguntou um dos coelhinhos.
– Assim que ouvirem tiros, nem que sejam longe, e cães
a ladrar, corram logo a abrigar-se – avisou a mãe.
Um dia, um dos mais novos, chegou à toca, muito
assustado.
– Ouvi tiros, mãe. Esconda-me.
A coelha tranquilizou-o:
-Eu também ouvi, mas não são tiros de chumbo. São
foguetes de cana. Há festa na aldeia. Não ouves a música
da banda? Para que te servem as orelhas? Enquanto eles
andam entretidos, podemos nós sossegar.
Dias depois, estava a família toda no pasto e uma
melodia fininha e maliciosa veio pelo ar, como serpente
que dança... Os coelhos pequenos, que nunca tal tinham
ouvido, olharam para a mãe, interrogativos.
– É melhor irmos andando para casa – disse ela. – E tão
cedo não voltamos a pôr o nariz de fora.
O coelhinho de há pouco estranhou:
– Mas ó mãe, uma música tão doce não será festa,
também?
– Qual festa, qual carapuça. Despacha-te. É o Pedro
Ovelheiro, que toca flauta, e anda por aí a semear desgraça.
Arma por tudo o que é sítio armadilhas, que fazem miséria.
Até me arrepio toda.
Tempos depois, o coelhinho veio outra vez ter com a
mãe, muito aflito.
– Vi homens com espingardas. Devem ser caçadores.
– Também eu vi – disse a mãe. – Com estes podes estar
descansado. São guardas florestais e andam a levantar as
armadilhas que o Pedro armou, porque estão proibidas pela
lei da caça. Já podemos descansar. Mas, mesmo assim,
todo o cuidado é pouco.
Está visto que é muito arriscada a vida do mato. O que
um coelho tem de aprender, para não ser chumbado!
FIM
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