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O DRAGÃO ARNALDO
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O DRAGÃO ARNALDO
Quem disse que não há dragões?
Eu vi um pequenino a sair debaixo de um vaso de
sardinheiras. Deitou-me a língua de fora e foi-se embora, a
correr.
Ainda está verde. Quando crescer, vão ver. Vai ter o
corpo todo coberto de escamas a valer e em cada escama o
monograma: 'D A' entrelaçados – Dragão Arnaldo. Muito
prazer em conhecer."
– Que estás para aí a inventar? – perguntou a mãe ao
Joca, que isto estava a contar.
– Fui eu que vi um dragão, mãe, um dragão pequenino.
Quando crescer, vai tomar conta desta varanda. Vais ver. E
quando quiseres estender a roupa hás-de ter que pedir ao
dragão "Com licença, com licença", para ele te deixar
pendurar a roupa naqueles cornos agudos, que os dragões
têm nas costas.
– Cortava-se a roupa toda – disse a mãe, entrando na
brincadeira.
– Pois é, mãe. Não me tinha lembrado. Mas, por outro
lado, não vais precisar de gastar o gás do fogão.
– Porquê? – quis saber a mãe, um pouco intrigada.
– Porque, quando quiseres assar um pargo ou fazer carne
assada, basta que abras a boca do dragão, que é um forno
sempre aceso, como não há outro.
– E, se ele me comer o peixe ou a carne, que jantamos
nós? – quis saber a mãe.
– Pois é, mãe. Não me tinha lembrado. Mas parece que
os dragões são vegetarianos...
– Tens a certeza? – perguntou a mãe.
– Absoluta. Por isso é que eles são verdes.
– E onde vamos arranjar erva para alimentar o dragão? –
interrogou-se a mãe. – Se uma alface chegasse...
– Pois é, mãe. Não me tinha lembrado. Vamos ter de
levá-lo a passear até à Tapada da Ajuda, para se alimentar
de relva e de verduras. Para pastar.
Neste ponto, disse a mãe:
– Mas assim que o vissem, os meninos fugiam e, mais
dia menos dia, ficava a Tapada vazia de pessoas e
vegetação. As árvores despidas, as crianças assustadas,
porque o dragão tudo comia e não deixava nada.
– Pois é, mãe. Não me tinha lembrado. Afinal o dragão
era uma complicação. Vou dizer à lagartixa que fique como
está. Já não precisa de crescer.
Nessa altura, a lagartixa passou a correr e esta história
acaba como deve de ser.
FIM
Eu vi um pequenino a sair debaixo de um vaso de
sardinheiras. Deitou-me a língua de fora e foi-se embora, a
correr.
Ainda está verde. Quando crescer, vão ver. Vai ter o
corpo todo coberto de escamas a valer e em cada escama o
monograma: 'D A' entrelaçados – Dragão Arnaldo. Muito
prazer em conhecer."
– Que estás para aí a inventar? – perguntou a mãe ao
Joca, que isto estava a contar.
– Fui eu que vi um dragão, mãe, um dragão pequenino.
Quando crescer, vai tomar conta desta varanda. Vais ver. E
quando quiseres estender a roupa hás-de ter que pedir ao
dragão "Com licença, com licença", para ele te deixar
pendurar a roupa naqueles cornos agudos, que os dragões
têm nas costas.
– Cortava-se a roupa toda – disse a mãe, entrando na
brincadeira.
– Pois é, mãe. Não me tinha lembrado. Mas, por outro
lado, não vais precisar de gastar o gás do fogão.
– Porquê? – quis saber a mãe, um pouco intrigada.
– Porque, quando quiseres assar um pargo ou fazer carne
assada, basta que abras a boca do dragão, que é um forno
sempre aceso, como não há outro.
– E, se ele me comer o peixe ou a carne, que jantamos
nós? – quis saber a mãe.
– Pois é, mãe. Não me tinha lembrado. Mas parece que
os dragões são vegetarianos...
– Tens a certeza? – perguntou a mãe.
– Absoluta. Por isso é que eles são verdes.
– E onde vamos arranjar erva para alimentar o dragão? –
interrogou-se a mãe. – Se uma alface chegasse...
– Pois é, mãe. Não me tinha lembrado. Vamos ter de
levá-lo a passear até à Tapada da Ajuda, para se alimentar
de relva e de verduras. Para pastar.
Neste ponto, disse a mãe:
– Mas assim que o vissem, os meninos fugiam e, mais
dia menos dia, ficava a Tapada vazia de pessoas e
vegetação. As árvores despidas, as crianças assustadas,
porque o dragão tudo comia e não deixava nada.
– Pois é, mãe. Não me tinha lembrado. Afinal o dragão
era uma complicação. Vou dizer à lagartixa que fique como
está. Já não precisa de crescer.
Nessa altura, a lagartixa passou a correr e esta história
acaba como deve de ser.
FIM
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