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O OVO DE CODORNIZ
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O OVO DE CODORNIZ
Esta é uma história antiga. Ao contá-la, torno-a nova.
Era uma vez um fidalgo de quem o rei se arredara por
intrigas na corte. Diz-se que diz-se, diz-se o que não se
disse e por picuinhas que tais, o rei, amuado com o
fidalgo, nunca mais o chamara para o conselho do paço.
Acontecia também que este fidalgo tinha em alguma má
conta um criado seu. Suspeitava que ele fosse um badalo
de sino ou caixa de rufo de tudo o que se passava paredes
adentro. Para avaliá-lo melhor, experimentou-o como vão
já saber. Ora escutem.
Numa manhã, deixou no meio dos lençóis da cama, onde
dormira, um ovo de codorniz. O criado, quando veio
arrumar o quarto, deu com o ovo e foi dizer ao amo. Este,
dando ares de grande mistério, segredou-lhe:
APENA - APDD – Cofinanciado pelo POSI e pela Presidência do Conselho de Ministros
O OVO
DE CODORNIZ
António Torrado escreveu e
Cristina Malaquias ilustrou
27 de Maio
Dia Mundial das Comunicações Sociais
E
– Fui eu que o pus, a noite passada, com muito custo.
Mas não contes a ninguém, senão os vizinhos começam a
espalhar a novidade e não tarda aí o rei, para conhecer de
perto o que se passa.
O criado prometeu segredo, mas, ao chegar à rua,
encontrou um criado de outro fidalgo e chamou-o de parte.
– Não dês com a língua nos dentes, mas o meu patrão a
noite passada pôs um ovo, mais grado do que ovo de pata.
Segredos destes estoiram por todos os lados. Crescem
como urtigas em chão lavrado.
No dia seguinte, bateram, de manhã cedo, à porta do
palácio do fidalgo. Era o rei em pessoa, mais o seu séquito.
– Venho ver esse prodígio de homem que põe cem ovos
por dia, maiores do que ovos de perua.
O fidalgo trazia na palma da mão o ovo de codorniz que
mostrou ao rei:
– Vede, senhor, como uma pequena mentira cresce tanto,
até chegar ao paço de Vossa Majestade.
E contou ao rei o princípio da história, que o fim já ele
sabia. Parece que o rei entendeu a lição e chamou de novo
o fidalgo para a sua roda de conselheiros.
FIM
Era uma vez um fidalgo de quem o rei se arredara por
intrigas na corte. Diz-se que diz-se, diz-se o que não se
disse e por picuinhas que tais, o rei, amuado com o
fidalgo, nunca mais o chamara para o conselho do paço.
Acontecia também que este fidalgo tinha em alguma má
conta um criado seu. Suspeitava que ele fosse um badalo
de sino ou caixa de rufo de tudo o que se passava paredes
adentro. Para avaliá-lo melhor, experimentou-o como vão
já saber. Ora escutem.
Numa manhã, deixou no meio dos lençóis da cama, onde
dormira, um ovo de codorniz. O criado, quando veio
arrumar o quarto, deu com o ovo e foi dizer ao amo. Este,
dando ares de grande mistério, segredou-lhe:
APENA - APDD – Cofinanciado pelo POSI e pela Presidência do Conselho de Ministros
O OVO
DE CODORNIZ
António Torrado escreveu e
Cristina Malaquias ilustrou
27 de Maio
Dia Mundial das Comunicações Sociais
E
– Fui eu que o pus, a noite passada, com muito custo.
Mas não contes a ninguém, senão os vizinhos começam a
espalhar a novidade e não tarda aí o rei, para conhecer de
perto o que se passa.
O criado prometeu segredo, mas, ao chegar à rua,
encontrou um criado de outro fidalgo e chamou-o de parte.
– Não dês com a língua nos dentes, mas o meu patrão a
noite passada pôs um ovo, mais grado do que ovo de pata.
Segredos destes estoiram por todos os lados. Crescem
como urtigas em chão lavrado.
No dia seguinte, bateram, de manhã cedo, à porta do
palácio do fidalgo. Era o rei em pessoa, mais o seu séquito.
– Venho ver esse prodígio de homem que põe cem ovos
por dia, maiores do que ovos de perua.
O fidalgo trazia na palma da mão o ovo de codorniz que
mostrou ao rei:
– Vede, senhor, como uma pequena mentira cresce tanto,
até chegar ao paço de Vossa Majestade.
E contou ao rei o princípio da história, que o fim já ele
sabia. Parece que o rei entendeu a lição e chamou de novo
o fidalgo para a sua roda de conselheiros.
FIM
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