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O SAPO E A RAPOSA
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Página 1 de 1
O SAPO E A RAPOSA
sapo e a raposa herdaram umas terrinhas de uma
velha bruxa, muito velha, que gostava de sapos e raposas.
Mas isso faz parte de outra história.
Aquela que para aqui trazemos conta-nos como foi essa
sociedade entre um sapo saparrão e uma raposa raposeca.
– Vamos colher a nossa fortuna nestas terras, compadre
– dizia a raposa.
– Mas antes de colhermos, temos de semear... –
lembrava o sapo.
– Acertado preceito, compadre! Vejo que os demorados
mergulhos nos charcos não lhe embotaram juízo. E como
se faz a sementeira?
O sapo tratou de tudo. Mondou, lavrou, sachou, semeou
e, depois, esperou.
– Assim venha a chuva – suspira a raposa, vendo o sapo
trabalhar.
Veio a chuva.
– Assim venha o bom tempo – suspirou a raposa.
Veio o bom tempo e os campos ficaram lindos. Então a
raposa, quando as espigas estavam maduras, ajudou o sapo
nos trabalhos da ceifa. Deitada à sombra de uma oliveira,
guardava-lhe o cântaro da água e amolava-lhe a foice, para
que ele ceifasse melhor...
O sapo ceifou, debulhou e juntou um belo monte de trigo
e outro de palha.
– Aqui está a nossa fortuna – dizia a raposa, muito
risonha.
Depois de tudo arranjado, os dois sócios foram deitar-se.
Na manhã seguinte, a raposa foi ter com o vizinho e
compadre e disse-lhe:
– Compadre e amigo, venho fazer-lhe uma proposta
vantajosa.
– Diga lá.
– Vamos ambos ao mesmo tempo até à eira, e o que lá
chegar primeiro fica com o trigo todo. É assim a modos
que o prémio da corrida. Que acha?
O sapo respondeu-lhe:
– Olhe, minha comadre, fiz uma jura de nunca aceitar
propostas sem ouvir os conselhos de um meu colega. Eu
não demoro.
O sapo foi visitar um outro sapo e expor-lhe a proposta
da raposa.
– A coisa arranja-se – respondeu-lhe o colega
consultado. – Somos tão semelhantes que a raposa não
consegue diferençar-nos. Eu parto já para a eira e trato de
ensacar o trigo. Tu vais ter com a raposa e, depois de longa
discussão, para me dares tempo, aceitas a proposta.
Assim se fez.
– Um, dois, três... – gritou a raposa, ao dar início à
corrida – Quem lá chegar primeiro fica com tudo.
A espertalhona fiava-se na sua velocidade e na pouca
ligeireza do sapo. Ela, que não ajudara nada no trabalho, ia,
numa corrida, arrebatar tudo só para ela...
Quando chegou à eira e viu o sapo, um sapo a ensacar o
trigo, ficou banzada.
– Então eu deixei o compadre para trás. Como é que me
ultrapassou?
– Por cima – explicou o sapo. – É que eu salto muito
alto.
A raposa teve de se render. Afinal a esperteza e a
malandrice não lhe valeram de nada. Bem feito!
FIM
velha bruxa, muito velha, que gostava de sapos e raposas.
Mas isso faz parte de outra história.
Aquela que para aqui trazemos conta-nos como foi essa
sociedade entre um sapo saparrão e uma raposa raposeca.
– Vamos colher a nossa fortuna nestas terras, compadre
– dizia a raposa.
– Mas antes de colhermos, temos de semear... –
lembrava o sapo.
– Acertado preceito, compadre! Vejo que os demorados
mergulhos nos charcos não lhe embotaram juízo. E como
se faz a sementeira?
O sapo tratou de tudo. Mondou, lavrou, sachou, semeou
e, depois, esperou.
– Assim venha a chuva – suspira a raposa, vendo o sapo
trabalhar.
Veio a chuva.
– Assim venha o bom tempo – suspirou a raposa.
Veio o bom tempo e os campos ficaram lindos. Então a
raposa, quando as espigas estavam maduras, ajudou o sapo
nos trabalhos da ceifa. Deitada à sombra de uma oliveira,
guardava-lhe o cântaro da água e amolava-lhe a foice, para
que ele ceifasse melhor...
O sapo ceifou, debulhou e juntou um belo monte de trigo
e outro de palha.
– Aqui está a nossa fortuna – dizia a raposa, muito
risonha.
Depois de tudo arranjado, os dois sócios foram deitar-se.
Na manhã seguinte, a raposa foi ter com o vizinho e
compadre e disse-lhe:
– Compadre e amigo, venho fazer-lhe uma proposta
vantajosa.
– Diga lá.
– Vamos ambos ao mesmo tempo até à eira, e o que lá
chegar primeiro fica com o trigo todo. É assim a modos
que o prémio da corrida. Que acha?
O sapo respondeu-lhe:
– Olhe, minha comadre, fiz uma jura de nunca aceitar
propostas sem ouvir os conselhos de um meu colega. Eu
não demoro.
O sapo foi visitar um outro sapo e expor-lhe a proposta
da raposa.
– A coisa arranja-se – respondeu-lhe o colega
consultado. – Somos tão semelhantes que a raposa não
consegue diferençar-nos. Eu parto já para a eira e trato de
ensacar o trigo. Tu vais ter com a raposa e, depois de longa
discussão, para me dares tempo, aceitas a proposta.
Assim se fez.
– Um, dois, três... – gritou a raposa, ao dar início à
corrida – Quem lá chegar primeiro fica com tudo.
A espertalhona fiava-se na sua velocidade e na pouca
ligeireza do sapo. Ela, que não ajudara nada no trabalho, ia,
numa corrida, arrebatar tudo só para ela...
Quando chegou à eira e viu o sapo, um sapo a ensacar o
trigo, ficou banzada.
– Então eu deixei o compadre para trás. Como é que me
ultrapassou?
– Por cima – explicou o sapo. – É que eu salto muito
alto.
A raposa teve de se render. Afinal a esperteza e a
malandrice não lhe valeram de nada. Bem feito!
FIM
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