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SE ELE ESTIVESSE ACORDADO
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SE ELE ESTIVESSE ACORDADO
O pintainho Besnico só conhecia a rede cinzenta da
capoeira, onde tinha nascido. Por isso, quando, uma vez, se
escapuliu por um buraco da rede e deu os primeiros passos
à luz do Sol, foi um espanto.
A mãe galinha bem o tinha avisado: "Nunca saias sem
mim. Lá fora há muitos perigos que tu não conheces.
Nunca saias sem mim!"
Mas ele saiu. Desobedeceu, o maroto! A verdade é que,
pouco tempo depois, estava de volta, muito afogueado,
muito exaltado com tudo o que tinha visto.
A mãe, primeiro, zangou-se, mas, depois, em voz mais
macia, quis saber porque vinha tão nervoso da corrida pela
eira da quinta.
– Ai, a mãezinha tinha razão – respondeu-lhe o
pintainho Besnico. – Há muitos perigos lá fora, muitos
bichos esquisitos, grandes, que metem medo. Vi um muito
grande, às malhas pretas e brancas, com dois paus na
cabeça e um rabo sempre a dar a dar. Que susto!
– É a vaca! – explicou a mãe. – Daí não vem mal
nenhum. As vacas não fazem mal aos pintos.
– E um, cinzento, de grandes orelhas, que batia as patas
no chão com toda a força e mostrava os dentes amarelos,
enquanto comia a erva do pátio, esse deve ser dos piores,
não é?
– O burro? – riu-se a mãe. – Desse lado também não há
que temer. Os burros não ligam aos pintos.
– E eu que pensava que eram perigosos! – suspirou,
aliviado, o pintainho Besnico. – Mas também vi um muito
simpático. Estava a dormir ao sol. Tinha uns enormes
bigodes, focinho miúdo, orelhas pequenas e o corpo muito
fofo, de pêlo amarelo às riscas, muito bonito. Estive quase
tentado a dar-lhe uma bicada, de brincadeira...
– Nunca! – gritou-lhe a mãe, toda arrepiada. – Esse
bicho chama-se gato e, se estivesse acordado, não sei o que
seria de ti...
A mãe galinha apertou contra ela aquele filhinho
inocente, que ainda tinha tanto para aprender na vida,
enquanto repetia vezes sem conta: "Ai, se ele estivesse
acordado o que seria de ti... Ai, se ele estivesse acordado..."
FIM
capoeira, onde tinha nascido. Por isso, quando, uma vez, se
escapuliu por um buraco da rede e deu os primeiros passos
à luz do Sol, foi um espanto.
A mãe galinha bem o tinha avisado: "Nunca saias sem
mim. Lá fora há muitos perigos que tu não conheces.
Nunca saias sem mim!"
Mas ele saiu. Desobedeceu, o maroto! A verdade é que,
pouco tempo depois, estava de volta, muito afogueado,
muito exaltado com tudo o que tinha visto.
A mãe, primeiro, zangou-se, mas, depois, em voz mais
macia, quis saber porque vinha tão nervoso da corrida pela
eira da quinta.
– Ai, a mãezinha tinha razão – respondeu-lhe o
pintainho Besnico. – Há muitos perigos lá fora, muitos
bichos esquisitos, grandes, que metem medo. Vi um muito
grande, às malhas pretas e brancas, com dois paus na
cabeça e um rabo sempre a dar a dar. Que susto!
– É a vaca! – explicou a mãe. – Daí não vem mal
nenhum. As vacas não fazem mal aos pintos.
– E um, cinzento, de grandes orelhas, que batia as patas
no chão com toda a força e mostrava os dentes amarelos,
enquanto comia a erva do pátio, esse deve ser dos piores,
não é?
– O burro? – riu-se a mãe. – Desse lado também não há
que temer. Os burros não ligam aos pintos.
– E eu que pensava que eram perigosos! – suspirou,
aliviado, o pintainho Besnico. – Mas também vi um muito
simpático. Estava a dormir ao sol. Tinha uns enormes
bigodes, focinho miúdo, orelhas pequenas e o corpo muito
fofo, de pêlo amarelo às riscas, muito bonito. Estive quase
tentado a dar-lhe uma bicada, de brincadeira...
– Nunca! – gritou-lhe a mãe, toda arrepiada. – Esse
bicho chama-se gato e, se estivesse acordado, não sei o que
seria de ti...
A mãe galinha apertou contra ela aquele filhinho
inocente, que ainda tinha tanto para aprender na vida,
enquanto repetia vezes sem conta: "Ai, se ele estivesse
acordado o que seria de ti... Ai, se ele estivesse acordado..."
FIM
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