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Mensagem por Breno Lucas Qua Out 26, 2011 6:57 pm

Passou-se dois dias amargos após a decisão de sua mãe. Sua irmã encontrava-se agora nos braços da mãe e ele, miúdo, roupas encardidas, afundava-se na ambígua escuridão do quarto super lotado de pessoas.
Um menino de oito anos, com sede e com frio. Uma semana sem tomar banho e com uma ferida na perna, coçando de até machucar. Os piolhos infestavam seus cabelos. O incômodo era tão grande que as noites eram difíceis e insuportáveis para se dormir. O velho judeu esquelético semimorto no canto direito da porta retratava o destino de milhares de pessoas do campo de Auschwitz.
Muitas crianças choravam. Todas estavam sem pais e mães. Não só separados pelos soldados, mas pela mão divina. Ou talvez de divino não tinha nada. Deus não queria aquilo. Aliás, Deus havia virado as costas para seu povo e o largado à mercê da desgraça.
- Me dá um pedaço?
A fome era tamanha. O homem, magro, sentado ao lado da criança, devorando um pão seco e mofado, virou as costas. A fome iria continuar e lhe devorar as entranhas.
A noite passou e a criança, sem dormir, foi empurrado pelos nazistas para o pátio. Agarraram-no pela camisa rasgada e o puseram numa fila enorme. As pessoas não falavam, não gritavam, não reclamavam. Em seus semblantes não havia nem um que de tristeza. Afinal, caminhavam para o nada. Ali naquele desconforto do chão barrento, descalços, com sede e fome, frio e o pior, os rostos felizes dos soldados lhes observando, sedentos da raça pura. Os judeus não se sentiam mais humanos. Perderam todos os sentimentos, lhes restando, enquanto a condição física permitia, os instintos da natureza.
Mais de uma coisa tinham certeza: naquela fila o sofrimento teria fim. Seria o ato sublime. A paz retornou, finalmente. A esperança da felicidade encontrava-se no interior da câmara de gás a uns duzentos metros à frente e ninguém, mas ninguém interferiria no desejo incomensurável da despedida da indiferença. Estariam quites consigo mesmos. Eram nada e pro nada retornariam.
O menino observava tudo em sua volta: o sargento, através da janela da casa, comia frango assado e arroz, seguido de uma taça de vinho sobre um lenço branco. Um quadro acima de sua cabeça lembrava sua mãe, justamente pela forma dos cabelos e das jóias no pescoço. O cheiro do café lhe recordava das manhãs do inverno, onde acordava bem cedo para o lanche da manhã, sendo recebido com um abraço bem apertado da mãe e com um beijo muito caloroso. E depois, a escola. Lugar de muitos amigos e muitas brincadeiras. Quem sabe onde eles estariam agora: talvez, bem acomodados em casa, ou talvez estaria no galpão ali, ao lado. A coceira na cabeça trouxe a recordação os piolhos pegos na escola uma vez. Sua mãe lhe lambuzara a cabeça de óleo e depois, alisava com pente fino. Tão cuidadosa ela! Mas o cheiro terrível vindo da câmara não lhe trazia lembranças, nem desde que uma fossa vizinha fora
aberta para alguns reparos. Aquela lembrança ficaria para sempre em sua memória, apesar dela não existir mais depois de um tempo.
A fila ia diminuindo. A cada dez minutos, os guardas abriam a câmara, e com máscaras, retiravam grandes quantidades de corpos. A pilha ao lado se sobrepunha a uns cinco metros de altura, só de corpos nus, misturado velhos, adultos e crianças. Mais abaixo, um aterro onde muitos judeus empurravam carrinho de mão com dois ou três corpos, jogando-os dentro do buraco para a cremação ao ar livre.
Tudo isso era indiferente. Não se via tristeza nem amargura nos rostos maltratados e sujos dos judeus escravos, forçados a trabalhar sendo a morte seu caminho inevitável. Nada poderiam fazer pois seu destino já estava traçado a fazer parte de uma limpeza étnica liderado por um maluco alemão. Estavam ali e não havia volta. Não havia tempo para a tristeza: o viver dava conta do pensamento da morte e pra morte, não dá trégua para a tristeza. Viver para morrer é suplício, não tristeza.
A criança ia se aproximando cada vez mais da câmara. Os nazistas, fumando e gargalhando, contavam histórias e anedotas ouvidas na boate no dia anterior. O outro na porta, bebia água em grandes goles. Com certeza era um alívio para o estômago e uma cura para a ressaca. Um judeu, na porta da câmara à espera de seu momento, ajoelha nos chãos e grita para os céus: Porque faz isso com seu povo? Os soldados, assustados com o berro, atiram seus cigarros ao chão e tiram-no aos trancos. Botam ele em ao lado esquerdo da fila, em pé e a uns vinte metros do muro do campo, sacam a arma e estouram sua cabeça. Quatro tiros na cabeça de três soldados. O primeiro a atirar deu o quarto tiro, o último, pois foi o que mais se assustou com seu grito.
Todos tamparam o ouvido. Ninguém ainda havia se acostumado com o estampido das armas, apesar de ser corriqueiro o seu enorme uso nos campos de concentração. Por uma bala perdia-se histórias enormes de vida, exemplos de superação e de humanidade.
A fila deu mais um passo. O garoto ainda olhava o morto ao lado do muro, sendo despido pelos judeus e jogado no carrinho de mão, enferrujado e amarelado pelo contato com o tempo. Mordeu os dedos e não os sentiu, tamanho o frio daquela manhã.
Inclinou a cabeça pela direita, olhando à frente, mas não soube contar quantos foram os últimos a entrar. Haviam mais três à sua frente. O silêncio era absoluto, ouvindo ao longe os apitos do trem chegando. “Mais carga...” – reclama um soldado, responsável pelos galpões. “Três horas atrás chegou uma e agora mais essa. Avisa o comandante para aumentar o intervalo de tempo senão não teremos lugar para comportar os animais”.
O outro, às pressas, foi se encontrar com o comandante nos portões do campo, transmitindo o recado aproveitando para cumprimentar o maquinista, amigo há muito tempo sumido.
O cheiro da cremação invadia o campo. Muitos alemães tampavam os narizes e não gostavam daquilo, sendo que reinvidicaram a queima dos corpos fora dos campos de concentração de Auschwitz. O cheiro era insuportável e atrapalhava as horas de lazer e a do almoço.
Abriu-se a porta. Adentram-se cinco soldados com máscaras e retiraram mais de cinqüenta corpos. A pilha aumentou e os judeus com carrinhos de mão aceleram o trabalho.
Mais prisioneiros são empurrados para a câmara. Entre eles está o menino, agora enrolando as mãos frias na borda da camisa. Olhou para os lados enquanto todos ali faziam o mesmo que ele, conhecendo o lugar onde se despediriam da indiferença. Não, ele não chorou, mas tossiu muito pois o Zyklon-B entrava pelas suas narinas e sufocava sua garganta. A porta foi fechada e a luz apagada fez um jovem ao fundo gemer. Um cheiro forte tomou todos os pulmões da sala e um a um, foram caindo no chão. O garoto não enxergou mais nada e preferiu sonhar.


BASEADO NO ROMANCE "A ESCOLHA DE SOFIA", DE WILIAM STYRON
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Mensagem por ergo Sex Out 28, 2011 7:43 am

Gostei da fanfic continue assim !!!
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Mensagem por Admin Sex Out 28, 2011 10:49 am

otima fanfic !!
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Mensagem por Breno Lucas Sex Out 28, 2011 7:10 pm

Muito obrigado. Sempre que tiver oportunidade, estarei postando.
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Mensagem por BrianCoimbra Sáb Out 29, 2011 12:39 pm

Muito bom mesmo Breno.... parabéns e continue assim!!!!!!!!!
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